
Estudante de Engenharia Ambiental e Sanitária do CEFET-MG faz pesquisa sobre Racismo ambiental e como combatê-lo.
Racismo ambiental é “o termo que destaca como as comunidades mais vulnerabilizadas e marginalizadas são desproporcionalmente afetadas por injustiças sociais e ambientais”, explica a estudante de Engenharia Ambiental e Sanitária do CEFET-MG, Sara Helena Camilo.
Há alguns anos, Sara estuda a relação intrínseca entre as desigualdades de raça, classe e gênero, especialmente no que tange à mulher negra e, ao atrelar as questões vistas em sala de aula com essa interseccionalidade entre desigualdades, começou a pesquisar mais sobre o tema.
A expressão foi criada em 1981 pelo Dr. Benjamin Franklin Chavis Jr., em meio a protestos contra depósitos de resíduos tóxicos que aconteciam no estado da Carolina do Norte (EUA), onde a maioria da população era negra. Chavis foi químico, reverendo e liderança do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Foi assistente de Martin Luther King Jr. (1929-1968), ativista político e ganhador do Prêmio Nobel da Paz por suas ações voltadas ao combate do racismo, por meio da resistência não violenta.
Pessoas pobres, negras, indígenas, quilombolas, migrantes e as comunidades tradicionais tendem a ser mais afetadas e acumular mais prejuízos; isso porque, em geral, já estão em desvantagem social e econômica. “As populações indígena, negra, quilombola e ribeirinha, historicamente, por uma questão de desigualdade estrutural, estão mais expostas a situações de degradação ambiental e sofrem de forma mais recorrente com seus impactos, tais como, inundações, eventos climáticos extremos. Elas também possuem mais dificuldade de acesso aos serviços de saneamento básico, como no esgotamento sanitário, abastecimento de água e gestão de resíduos sólidos”, afirma Sara.
É possível combater?
Para a estudante, é necessária a desnaturalização dos desastres naturais e é importante que a pauta seja abordada, ainda mais com o novo marco legal do saneamento básico*, que possui metas de universalização dos serviços públicos. “Essa discussão e demonstração dos impactos socioambientais, provenientes dessas situações de vulnerabilidades ambiental e sanitária, precisam acontecer e reverberar para que a população tenha um entendimento sobre e para que as políticas públicas, ações e atenções sejam direcionadas para esses grupos com um novo olhar, que considera os marcadores sociais de desigualdade, como raça, gênero e classe”, destaca.
De acordo com Sara, para o combate ao racismo, é necessário que a sociedade conheça o problema por meio da promoção da educação ambiental, com ampla divulgação da discussão. “E, no âmbito governamental, a luta contra o racismo ambiental deve envolver a defesa dos direitos humanos e ambientais, e, principalmente, as comunidades vulnerabilizadas nos espaços de representação política, em tomadas de decisão e nos processos de elaboração, não só das políticas ambientais, mas de políticas públicas como um todo, uma vez que esse é um problema estrutural”, afirma. “Essa é uma temática com pouca notoriedade e visibilidade e, com o contexto climático atual, acredito que o termo e os estudos que o abordam precisam ser cada vez mais elaborados e apresentados para a sociedade”, finaliza.
O Novo Marco Legal do Saneamento (Lei nº 14.026) estabeleceu metas até 2033. Todos os municípios brasileiros devem atender a 99% da população com serviços de água potável e ao menos 90% dos habitantes com coleta e tratamento de esgoto.
Iniciativa
O Governo Federal criou, em 2023, um comitê específico para tratar do racismo ambiental, por meio do Comitê de Monitoramento da Amazônia Negra e Enfrentamento ao Racismo Ambiental. Trata-se de uma parceria do Ministério da Igualdade Racial (MIR) com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). O objetivo é propor medidas de enfrentamento ao racismo ambiental na Amazônia Legal.
Coordenação de Jornalismo e Conteúdo Cefet-MG Varginha
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